quinta-feira, 31 de outubro de 2013

AWT#76: O mercado aberto e o ladrão de sinos

O meu pai sempre foi fã de mercados. Recordo-me bem quando ia ao de Santana, aos domingos de manhã. Eu acho que esta viagem me trouxe esse novo interesse!

O mercado a céu aberto da 26th road é uma experiência imperdível em Yangon. Inundado de centenas de locais e escassos turistas, este "entreposto comercial" proporciona uma experiência única para os sentidos. Do barulho do amanhar do peixe ao cacarejar das galinhas, do cheiros das especiarias aos aromas das flores, passando pelas vistosas cestas de baratas aos coloridos arranjos de legumes, é um programa a não perder. 
A não perder é também a visita ao "cartão de visita" da cidade, o Shwedagon Paya. Construído pelos Mon algures entre o séculos VI e X, este templo é o local de culto obrigatório para os budistas (90% da população). Como nota histórica envolvendo "tugas" apenas a registar a chegada de Filipe de Brito, em 1612, que decidiu levar um dos imponentes sinos para derreter e fazer canhões.






quarta-feira, 30 de outubro de 2013

AWT#75: Myanmar

O destino tem destas coisas. Desconhecia por completo mas o livro que me acompanhava falava dele. O crescente interesse trouxe-me dicas e ideias que se tornariam uma realidade com o visto que obtive em Colombo para visitar Myanmar.

Com raízes na fusão dos Bamar e dos Mon, com vestígios de colónia britânica - separação administrativa do território indiano em 1937 e obtenção de independência em 1948 - e fortemente marcada pela mais duradoura ditadura militar da História (General Ne Win) a antiga Birmânia é, muito provavelmente o mais virgem país asiático.

"Leva notas de dólares americanos novas, sem vincos ou dobras pois eles são muito chatos!" - dizia-me a Catarina Pádua que por aqui andou.

Apesar do País estar a mudar num ritmo incrível as "marcas" da sua história são bem visíveis: os primeiros ATM's surgiram há apenas alguns meses atrás, um estrangeiro apenas pode alugar um telemóvel e por 90USD por semana, e ainda existem regiões para as quais uma visita implica um visto especial.

Acho que temos todos os ingredientes para uma nova aventura!





terça-feira, 29 de outubro de 2013

AWT#74: Comboios à antiga

Virou coisa do passado graças às famosas PPP's de auto-estradas. Lugares compartilhados, sem janelas elétricas ou ar condicionado ajustável... o antigo "uhuuu pouca-terra uhuuu" foi marginalizado por força da suposta modernidade.

De Galle a Colombo, embarcámos num conjunto de carruagens velhas, com bancos e paredes gastas, e sem nenhum conforto. Mas foi precisamente este contexto que me recordou o quão bom é viajar de comboio! Sentado numa das portas abertas, ao som dos carris e da buzina, deliciei-me com uma viagem vagarosa mas rápida demais, desconfortável mas prazerosa, ruidosa mas tranquilizante...

A partir de janeiro vou andar de TGV (Train à Grande Vitesse) mas não tenho sombra de dúvida que não vai ter metade da piada... de um comboio à antiga!





segunda-feira, 28 de outubro de 2013

AWT#73: Mirissa Beach

Das muitas praias da costa sul do Sri Lanka Mirissa Beach é, sem dúvida, a mais virgem. Os Visas, Mastercards e Amex ainda não chegaram a estas paragens e só há alguns anos a esta parte os nativos constroem as suas pousadas. Formando uma baía demarcada por coqueiros, é um praia a incluir no roteiro!

À noite, os pescadores vestem o papel de cozinheiros e preparam as garoupas, lagostas e outras delícias do mar que apanharam durante o dia. Tudo isto num ambiente à luz das velas. Lindo!


domingo, 27 de outubro de 2013

AWT#72: Desligar... para ligar!

Há uns tempos atrás circulou pela nossas caixas de correio um filme marcante sobre a maior droga da nossa geração: informação! Intitulava-se "Disconnect to connect" e retratava situações do quotidiano em que, de tão ávidos que estamos de informação à distância, que acabamos por ignorar aquela que acontece ao nosso lado.

Desligar dos iPods, iPhones, celulares e outros gadgets não é fácil... mas é necessário! Quantas vezes o nosso interlocutor não nos corta a palavra para atender o telemóvel? Quantas vezes não interrompemos a conversa, à refeição, com alguém que liga em "horário nobre da Família"? Quantas vezes não apressamos alguém para tomar o café da manhã por causa de um horário de ônibus?

Hoje fui eu...apesar de estar de férias... dou por mim a correr para apanhar o ônibus que liga Ella a Mirissa Beach. Para chegar mais cedo... Para otimizar o tempo... Numa calma desconcertante, a Maria diz-me: "Se perdermos este, vamos no próximo..."

E assim foi, perdemos esse, e fomos no seguinte. No embarque para a viagem de 6 horas rumo ao sul, o motorista avisou-nos que não havia lugares. "Qual o problema? Vamos de pé!"



sábado, 26 de outubro de 2013

AWT#71: "Ella" e eles

Ella é uma aldeia charmosa na montanha à qual só chegam aventureiros. Fora das rotas turísticas devido ao difícil acesso, esta região oferece umas cachoeiras refrescantes e umas trilhas com vista incrível, nomeadamente a da subida ao "Mini Adams' Peak". Os poucos restaurantes que tem oferecem um ambiente muito acolhedor.


Uma constante em toda a estadia no Sri Lanka tem sido a simpatia e acolhimento deste povo. Basta esboçar um sorriso para receber outro em troca, gratuita e calorosamente. Acredito que um dos maiores "assets" deste povo é mesmo a simpatia do acolhimento... Apraz-me pensar que tenhamos tido alguma influência na génese!


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

AWT#70: Nuwara Eliya, Sri Lanka's Little England

Deve-se a um tal de Samuel Baker, em 1847, a ideia de introduzir agricultura ao estilo britânico por estas paragens. Entre muitos ensaios de culturas, nomeadamente café, viria a ser a o chá a mudar o cenário e a economia de Ceilão.  Com mais de 320.000ton por ano, o Sri Lanka é o quarto maior produtor mundial desta planta.

Na fábrica da Mackwoods, onde é processado o chá oriundo dos 1.400 ha da propriedade, aprendi que: o chá preto, verde e branco vêm da mesma planta, i.e. Camellia Sinensis; que desde que o chá é colhido até ser vendido num leilão em Colombo decorrem apenas 24 horas; que para fazer 1 kg de chá branco (o melhor), são precisos 17 kg de folhas (uma vez que apenas é utilizado o botão central!); e que o chá que compramos no supermercado (Lipton, etc) não é mais do que uma mistura (blending) de vários chás, oriundos de vários produtores.



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AWT#69: Sigiriya, the Lion Rock

Reza a história que, cerca de 3 séculos antes do nascimento de Cristo, alguns monges budistas se estabeleceram à volta deste gigantesco "calhau" iniciando as edificações.


Mais tarde, Kassapa, um dos filhos do Rei Dhatusena (455-473), construiu uma residência (que até piscina tinha!) no alto do rochedo de 200 metros, para se proteger do irmão que reclamava parte da herança do Pai. De nada lhe valeu pois no dia do confronto, o elefante no qual ia montado, amedrontou-se e bateu em retirada, tendo as suas tropas seguido o exemplo (size doesn't matter!!) Sigiriya voltaria, mais tarde, a ser ocupado pelos monges budistas.


Como local de culto, nesta região, encontramos o Rock Temple e o Golden Temple. Este último tem uma fachada que é um misto entre um shopping center e a Feira Popular, conforme podem ver pela fotografia.



quarta-feira, 23 de outubro de 2013

AWT#68: Kandy e a dentadura do Buddha

Kandy é uma cidade do interior que virou famosa pelo templo do dente do Buddha. Reza a história que este foi cremado na Índia em 543 a.c. mas que um dos seus dentes foi recuperado e chegou ao Sri Lanka escondido no cabelo de uma princesa orissa.
A estória tem mil e um adornos, sendo questionada por muitos, nomeadamente um tuga de seu nome Queirós que afirma ser um dente de búfalo e não da divindade! De búfalo, do Buddha ou de qualquer outra origem, a verdade é que o templo acolhe milhares de peregrinos para meditação. 
(Nota foto inferior esquerda: caminhar sobre as chamas foi a forma da princesa Sita provar ao marido Rama - rei indiano - a sua castidade. Esta façanha ainda hoje é relembrada nas danças locais)

Outro ponto turístico a visitar é o Peradeniya Botanical Gardens. Parte integrante da residência real dei Wicramabahu III, construída no séc. XIV, foi convertido em Jardim Botânico pelos ingleses em 1821 que aqui plantaram as primeiras plantas de chá. O meu sobrinho João Maria, recém ingressado em Biologia, iria ter "pano para mangas" para estudar este ecossistema"!





terça-feira, 22 de outubro de 2013

AWT#67: O Mundo do Agostinho

"O Mundo é um imenso livro do qual aqueles que nunca saem de casa lêem apenas a primeira página" (Agostinho de Hipona)

Já tinha lido esta frase várias vezes mas confesso que, à medida que viajo, ela ganha sistematicamente uma nova dimensão. É como se estivéssemos a ler um livro e, ao chegar ao final, nos apercebermos que a estória ganha novos capítulos.

(Foto: Skeleton Coast, Namíbia)



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

AWT#66: Nas nuvens... De Ceilão!!

2 meses de viagem já lá vão e o melhor ainda está para vir!

Após várias trocas de emails lá me encontrava à hora combinada com a colega da Maria. Qual não é a minha alegria e espanto quando vejo não uma estranha, mas a própria Maria!

Em tempos de crise e incerteza (profissional claro está pois a nível amoroso são apenas certezas!), despediu-se da agência em que trabalhava e meteu a mochila às costas para viajarmos juntos.

Gosto de gente com atitude e com garra para lutar pelos seus projetos e sonhos, sejam eles quais forem, quando forem e com quem forem!

Viajar sozinho é uma experiência incrível que recomendo a todos. A nossa atenção ao ambiente que nos rodeia e abertura aos outros têm tanto de inevitabilidade como enriquecimento. A partir de agora (viagem? vida?) será a dois... E estou radiante por isso! Poder dar a mão e partilhar o caminho com alguém tão especial é algo que me realiza profundamente. 


domingo, 20 de outubro de 2013

AWT#65: Taprobana

"As armas e os barões assinalados
que, da ocidental praia Lusitana,
por mares nunca de antes navegados
passaram ainda além da Taprobana,
em perigos e guerras esforçados,
mais do que prometia a força humana,
e entre gente remota edificaram
novo reino, que tanto sublimaram" 
in Lusíadas, Luís de Camões

Taprobana, era assim que os gregos e os romanos, à semelhança do meu xará, se referiam à ilha de Ceilão. Quer tenha sido por religião (cristianismo e budismo), quer por jogos de poder (inglaterra e holanda), quer por disputa territorial (singaleses e tigres tâmil), apenas há quatro anos a paz visitou esta terra! Terminou nessa altura a guerra civil que durava há 26 anos entre o povo cingalês (governo) e o tâmil.

Os portugueses também por aqui andaram. Dom Lourenço de Almeida chegou em 1505 e, ao encontrar um território dividido em 7 reinos, foi coleccionando conquistas. Em 1517 fundou a capital Colombo.





sábado, 19 de outubro de 2013

AWT#64: Nairobi

Dom Francisco de Almeida iniciou a conquista do Kenya em1492 mas foi preciso pouco tempo até perdermos Mombasa (1505). A verdade é que o Quénia, pelos seus recursos e localização na "East Africa", foi permanente alvo de cobiça por parte das potências colonizadoras europeias até à Conferência de Berlim (1884-85), na qual os europeus partilharam o solo africano entre si. Uma vez parte da concessão "British East Africa Company" este território apenas viria a obter a sua independência dos britânicos em 1963, sob liderança de Kenyatta.

O "National Museum" é um acervo fantástico de toda a história do País e da cidade, cujos highlights são também o "Giraffe Centre", onde estive a dar amendoins às girafas, o "David Sheldrick Wildlife Trust" também conhecido como orfanato dos elefantes, e a fazenda da Karen Blixen, que virou vedeta após o seu livro "Out of Africa" ter sido lançado em Hollywood.

Com a atividade terrorista em shopping centers mais calma, no final do dia tive um happy-hour num deles, com umas alemãs que conheci em Livingstone (sim, estar sozinho, numa viagem destas, é um mito!)




sexta-feira, 18 de outubro de 2013

AWT#63: App's de viajante

Isto de ser viajante também tem "ciência". E por isso deixo as minhas sugestões de "app's" a instalar antes de embarcarem na próxima viagem:
-Redicall: app tipo VoIP (voice over IP) com tarifas muito boas (obrigado Vasquinho ;)
-Blogger: viajar é bom...mas fazer os outros viajarem connosco é melhor ainda;
-Tripadvisor: dicas de guias turísticos são sempre questionáveis por isso nada melhor que testemunhos de outros viajantes;
-Skyscanner: uma plataforma ótima de busca de vôos (Kayak é alternativa). Pesquisar por aqui mas comprar diretamente no site da companhia aérea;
-TripIt: nada melhor para organizar o itinerário e ter todas as infos do transporte na palma da mão;
-Oanda: Lidar com 8 moedas diferentes, num espaço de 2 meses, e respectivas taxas de câmbio deixa de ser um problema;
-Hostelbookers: viajar ao "som" do vento sem reservas e procurar alojamento na estação de comboios de Kandy, interior do Sri Lanka, é fácil e simples (sem comissões);
-iXpenseIt: contabilidade online! Multi-currency, personalização de categorias e relatórios. Consigo dizer ao cêntimo quanto gastei (além de já me ter evitado de arrancar o escalpe a um japonês);


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

AWT#62: "Mr.BIG Syndrome"

Jeff é um inglês de 54 anos que se estabeleceu por Moshi ao casar com uma nativa. Na sala de espera para embarcar com destino a Nairobi conversamos sobre o modelo de negócio dos operadores turísticos:
LMB: "Jeff, existe alguma agência ou operador que trate os "porters" (os que carregam tudo pela montanha acima nas várias expedições)?
Jeff: Sofrem todos do Síndroma do Mr.BIG.
LMB: Conta-me lá os sinais...
Jeff: Começaram todos como "porters", progredindo para guias e, mais tarde, criando o seu próprio negócio. Melhoram a qualidade de vida comprando carro e casa. Mas a ambição desmesurada fá-los esquecer o passado e tratam o pessoal de forma desumana. Há agências que nem pagam salários pois sabem que os turistas dão gorjetas.
LMB: As autoridades nada fazem?
Jeff: Pertencem todos à mesma tribo e protegem-se. É inútil fazer queixas. A única iniciativa de valor está a ser liderada por uma americana, a Karen, fazendo um levantamento das empresas com alguma ética (ver kiliporters.org antes de reservar).

Entre outros temas, falou-me do risco ambiental ligado à exploração chinesa de petróleo no Lago Tanganyka, da sobre-exploração pesqueira no Lago Victoria visando a exportação para a Rússia e ainda da tanzanite, uma gema preciosa, de cor azulada, que é originária da região.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

AWT#61: Kilimanjaro expedition - Day 6

Herdei-a dos tempos de estudante do meu irmão Zé Manuel e tenciono passá-la a algum sobrinho ou filho que a continue a fazer passear por esse mundo fora. Hoje, repleta de bandeiras, vincos e reparos continua a ser uma companheira inseparável. "Eu ofereço-te uma nova, maior e mais recente" propunha a Maria Celeste a duas semanas da partida. A verdade é que se tornou mais que uma mera mochila. É hoje, simultaneamente, um amuleto de Família e um símbolo da pátria, com a bandeira Nacional que a Lena costurou.
A velhinha Monte Campo, modelo Peneda, tem mais de 20 anos e vai continuar a ser carregada cheia de orgulho.

Vamos a comprar marcas Portuguesas! O que é Nacional é bom!


terça-feira, 15 de outubro de 2013

AWT#60: Kilimanjaro expedition - Day 5

Acho que nunca me senti realmente nas nuvens tal como hoje. Mas foi tudo menos fácil.

Começámos a escalada final por volta da meia noite. Após um chá e umas bolachas a "cebola" estava equipada para o efeito. Digo cebola pois levava 4 camadas de roupas nas pernas e 6 outras no tronco e membros superiores. Tudo parecia perfeito. Porém, a falta de alimentação na véspera, as 3 horas de sono e a contínua dor de cabeça viriam a tornar as 6 horas de caminhada no escuro num sacrifício gigantesco. Descobri, claramente, um novo limiar de resistência física pessoal.

Chegámos, aproximadamente, ao mesmo tempo que o astro-rei, o que compunha um cenário perfeito para a fotografia: a luz, os quase 6 km de altitude, os glaciares, o manto imenso de nuvens que definia um "chão" apenas interrompido por um ou outro monte no horizonte. Mas tudo isto a uma temperatura de -18 graus Celsius o que, após tirar as luvas, fez com que as minhas mãos congelassem... Mas a tal ponto que não conseguia mexer os dedos e, consequentemente, disparar o obturador da máquina. Foi frustante! Tenho me contentar com a foto desfocada que o Josefath, meu guia, me tirou.




segunda-feira, 14 de outubro de 2013

AWT#59: Kilimanjaro expedition - Day 4

No Perú chamavam-lhe "soroche". Não sei se por falta das folhas de coca mas a verdade é que, a partir dos 4.500 metros de altitude voltei a ter dores de cabeça. Varia de pessoa para pessoa, de acordo com o organismo de cada um, mas, de uma forma geral, apenas montanhistas recorrentes conseguem adaptar-se.

Apesar de ténue, os efeitos colaterais de perda de apetite e dificuldade em adormecer foram impiedosos!





domingo, 13 de outubro de 2013

AWT#58: Kilimanjaro expedition - Day 3

"I never knew of a morning in Africa when I woke up that I was not happy", Ernest Hemingway


sábado, 12 de outubro de 2013

AWT#57: Kilimanjaro expedition - Day 2

À chegada, no final de cada dia, uma pratada de pipocas e chocolate quente recompõem qualquer um. Para a infraestrutura que temos as refeições são fantásticas: sopas deliciosas, pratos à base de carbo-hidratos e fruta. 


É difícil descrever o luar da fase minguante a 4.000 metros acima do nível do mar. Vou lavar os dentes e surpreendo-me com o contraste da minha sombra. Para complementar, o manto estrelado que envolve o acampamento é algo delicioso de apreciar. A iluminação interna das tendas de cores variadas e as gargalhadas radiadas em várias línguas dão o toque final de um dia em cheio.


sexta-feira, 11 de outubro de 2013

AWT#56: Kilimanjaro expedition - Day 1

9:00 Início da expedição

Depois de vários trekkings em montanhas "menores" (Pico, Portugal, 2.351m; Picos da Europa, Espanha, 2.648m; Machu Pichu, Peru, 2.430m; Torres del Paine, Chile, 3.050m) escalar aquela que é  a montanha isolada mais alta do mundo (stand alone mountain) é algo que me deixa cheio de adrenalina.

Existem seis trilhos principais que diferem essencialmente em dificuldade, facilidade de aclimatização, beleza da paisagem e comodidade de alojamento (abrigo ou tenda). Desses seis, os mais procurados são o trilho "Coca-Cola" (Marango) e o trilho "Whiskey", sabendo que o teor alcoólico é proporcional ao nível de dificuldade. Apesar de não gostar da bebida, "fui no whiskey".

Vejo-me, sem dar conta, a embarcar numa aventura com uma equipa de 6 pessoas: 1 guia, 1 cozinheiro e 4 carregadores que levam às costas toda a infraestrutura logística para uma semana longe de cozinhas e outras comodidades do dia-a-dia.


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

AWT#55: Mais uma volta, mais uma viagem!

Moshi poderia ser uma aldeia vulgar e passar despercebida mas o facto de ser o ponto de partida privilegiado para as expedições ao Kilimanjaro acabam por torná-la um um ponto de passagem obrigatório para os aventureiros.

Depois de me despedir do grupo fantástico com o qual viajei nas últimas três semanas, fui até à central de ônibus para apanhar um transfer entre Arusha e Moshi.

Inglês poucos falam, e os que falam acho que se limitaram às primeiras páginas do manual escolar! Como eu não falo swahili, a experiência foi engraçada. Rodeada de um mercado gigantesco onde vendedores ambulantes se gladiam para vender refrigerantes no meio de pentes, e chocolates no meio de óculos de sol, a central é per se, um local a visitar! 

Horários de partida? Não existem! É até o ônibus lotar de pessoas e mercadorias. Quando eu diria que já estariam completo, rebatem-se bancos e o corredor desaparece. Pedem-me para levantar os pés para enfiar uma saca de ração debaixo do banco, enquanto o meu companheiro do lado vai de perna aberta com o eixo de um carro. No decorrer da viagem entra um carregamento de rosas e saem umas sacas chá...

Toda esta experiência por uns meros 3.000 xelins da tanzânia (+\- 1,3 EUR),  o equivalente a uma viagem de carrossel na antiga Feira Popular! 


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AWT#54: Cratera de Ngorongoro

Nada mais hilariante que ver asiáticos de máquinas fotográficas em punho a tentar roubar uns pixels de vida selvagem! 

A caldeira que restou do vulcão, tem 260km2 e 610 metros de desnível. Dizem-me os guias que seria a maior montanha de África caso não tivesse abatido. Certo é que a água que contém é um oásis para os mais de 25.000 animais que por aqui vivem. 




terça-feira, 8 de outubro de 2013

AWT#53: Um aniversário diferente

Já festejei o meu aniversário de muitas formas mas nunca tive um despertar de elefante e um amanhecer de leão!

O local de acampamento, dentro do Serengeti, é um exemplo perfeito de coexistência entre humanos e bicharada uma vez que é totalmente aberto! Por volta das 5 da madrugada comecei a ouvir troncos a partir e ao sair da tenda, deparo-me com um elefante júnior a tomar o café da manhã.

Para completar o conjunto, apanhei uma virose qualquer que me fez sentir um leão, tal foi o tempo que passei "no trono". Durante o dia enquanto uns gritavam leopardo do lado esquerdo, era eu à "virar o barco" pela janela do lado direito!! No final do dia estava muito melhor e até pude provar o delicioso bolo que a Maria se tinha encarregado de "entregar" da Nigéria.






segunda-feira, 7 de outubro de 2013

AWT#52: O maior "zoo" de mamíferos do Mundo: Serengeti

O Serengeti é, mais do que um parque, um ecossistema situado no Norte da Tanzânia e o sudoeste do Quénia (conhecido por Maasai Mara no lado queniano). Ocupa uma área de aproximadamente 30.000 km2 e abriga a maior migraçāo de mamíferos do mundo, o que faz dele um dos dez melhores destinos de beleza natural do planeta. 

A melhor forma para explorá-lo são jipes, de teto movível, a partir dos quais se avistam leões, leopardos, chitas, elefantes, girafas, hienas, kudus, gazelas, e mais uma extensa variedade de patas. No total são cerca de 70 espécies de grandes mamíferos e cerca de 500 espécies de avifauna.


domingo, 6 de outubro de 2013

AWT#51: Os Maasai de Arusha

Arusha é a terceira maior cidade da Tanzânia e é considerada a capital do turismo, atendendo a que é usada como base tanto para visitar o Serengeti National Park como para subir o "teto de África", aka Kilimanjaro.

É também em Arusha que conhecemos uma das comunidades de Maasai, um povo nómada centrado no pastoreio. Dado que são fonte de alimento - leite, sangue e carne - e de recursos - couro - o gado juntamente com a terra são elementos sagrados para os Maasai. Com uma hierarquia baseada na idade, e marcada pela passagem à idade adulta aquando da circuncisão, os homens passam por guerreiro júnior, guerreiro sénior, "elder" júnior e "elder" sénior. São polígamos e os casamentos são definidos pelos mais velhos de acordo com a reputação da família.


Existe no entanto uma discussão de fundo quanto à forma que o plano de conservação da vida animal está a impactar este povo. Conservadores defendem que o gado dos Maasai compete com os animais selvagens tanto no consumo de pasto como de água. Já houve, por isso mesmo, elementos Maasai multados e mesmo presos por conta de violarem "áreas protegidas" (mais info sobre este tema em No Man's Land de George Monbiot).


sábado, 5 de outubro de 2013

AWT#50: Charters... da China!

Os líderes do governo da Tanzânia foram ainda mais visionários que o Paulo Futre e mandaram vir, não apenas charters da China, mas sim aeroportos, portos, estradas, entre outros.

Segundo o China Daily, o capital chinês vai adiantar 10,5 bilhões de USD para a construção do novo Porto em Dar Es Salaam. A importância da porto de Dar Es Salaam, no panorama africano, é comparada à do porto de Singapura, no panorama asiático. Noutra importante infra-estrutura de transporte, o capital chinês é responsável pela construção de 1.800 km da rodovia que liga a Zâmbia à Tanzânia. Avaliando pelos letreiros das máquinas e pelo olhar dos trabalhadores que a constroem, estou convencido que além dos recursos financeiros, também os materiais e humanos vieram do Oriente. Que grande jogada: emprestam dinheiro e ainda movimentam a economia promovendo as empresas de construção deles.

Como se o panorama não tivesse já um forte carimbo asiático, a maioria dos veículos que circulam nas rodovias, vêem, eles também, do Oriente. Desde as motos chinesas novas aos carros importados do Japão, a Tanzânia lembra-me Portugal a comprar as máquinas alemãs usadas. A nós, pagaram-nos para desactivar o tecido industrial, a eles não precisam pois, salvo exemplos pontuais, nunca o tiveram!

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

AWT#49: Montanha russa até Dar Es Salaam

A viagem entre a "Stone Town", capital de Zanzibar, e Dar Es Salaam demora, em média 1,5 horas mas hoje, em virtude do mar agitado demorámos mais uma hora do habitual. Apesar do imponente casco duplo do nosso barco hoje não faltou gente a "lançar engodo" aos peixes!

Numa tentativa de apanhar fresco, muitos se deslocaram para a proa, precisamente onde se faziam sentir as maiores oscilações. Um dos amigos da fotografia em baixo, largou o varão do banco por alguns segundos e voou, literalmente, para a fila de trás para gargalhada dos restantes. Felizmente não houve lesões de maior mas todos eles pediram o tradicional saco de plástico. 


quinta-feira, 3 de outubro de 2013

AWT#48: B-day party in heaven

A expressão de "uma imagem vale mais que mil palavras" também é válida em território zanzibariano e vou-me privar de comentar as seguintes fotos. Apenas acho que deviam considerar este destino nas próximas férias!


Grupo de pescadores experientes (!) a regressar a casa no final de uma tarde de pescaria.

Pode parecer estranho a quem nunca passou por esta experiência, mas fazer um "overland" durante 21 dias, partilhando um espaço confinado pode originar amizades ultramarinas (ao contrário do ritmo com troca diária de hostel). Atendendo a que era a última "soirée" com o grupo completo, prepararam-me uma festa surpresa!

A noite continuou na babadinha "Rocks" onde descobri que a bartender, Dj e gerente eram bragantinos. 


AWT#47: O Abrantes é que sabe!

Estou maravilhado com este cenário. A areia branca, a água cristalina e as palmeiras compõem um cenário paradisíaco. Sabendo que o Bom Sucesso ocupa, indiscutivelmente o meu top das praias, Zanzibar acaba de entrar no top 5.

O meu querido amigo Nuno Abrantes e a Inês é que sabiam ao escolherem este pedaço de céu para passar a lua-de-mel!


AWT#46: Freddie Mercury is not dead!

O astro dos Queen, cujo nome era Farrokh Bulsara, nasceu na "Stone Town", capital de Zanzibar. O seu contributo para o mundo da música foi de tal forma marcante que eu decidi prestigiá-lo ao longo da minha estadia.